Se você habita o planeta terra provavelmente já ouviu falar do hit Gangnam Style. Goste você ou não do estilo K-Pop, este vídeo foi o primeiro a atingir 1 bilhão de views no YouTube, quebrando todos os registros de conteúdo viral da internet quando apareceu em 2012. O fato, é que decorrido 5 anos ninguém conseguiu desbancar a liderança do Sul Coreano Psy que acumula quase 3 bilhões de visualizações somente nesse vídeo um tanto bizarro.
Atualização 07/01/2019: O vídeo Gangnam Style foi desbancado pelo clip de Luis Fonsi – Despacito
Mas o que isso tem a ver com infraestrutura de TI?
O Caso Gangnam Style
Quando o hit explodiu em 2012 o mundo inteiro quis saber o que havia de tão chamativo e diferente no vídeo, inclusive os habitantes da cidade Americana de Phoenix.
Antes da instalação de um edge data center na cidade, o lugar mais próximo onde havia armazenado uma cópia de Gangnam Style era um Carrier Hotel* em Los Angeles.
Essa distância, implicava a Cox, empresa que fornece acesso à internet em Phoenix, o desembolso de dezenas de milhões de dólares em taxas de transporte para mover todo o tráfego gerado pelos usuários da região que queria ver o vídeo.
A Cox estava pagando para o transporte de dados de Los Angeles todas as vezes que alguém quisesse ver o vídeo em Phoenix.
Não é à toa que empresas como Netflix, Google e Facebook usam CDNs (Redes de Fornecimento de Conteúdo) e edge data centers para melhorar a qualidade da experiência do usuário e economizar dinheiro (leia-se aqui muito dinheiro).
Grosso modo, os edge data centers são um tipo de data center que fornece capacidade descentralizada de computação, possuem menor tamanho quando comparado às grandes server farms e estão distantes dos hubs tradicionais da internet em lugares como Nova York, Virgínia, Dallas ou Vale do Silício.
Eles estão sendo usados para melhorar a qualidade de serviços web de alta largura de banda.
Como as pessoas assistem cada vez mais vídeos por streaming e consomem cada vez mais serviços na nuvem e softwares como serviço (SaaS). A latência extra ocasionada pela distância entre o ponto final da rede e o local onde os dados estão fisicamente alocados podem afetar significativamente o desempenho, aumentar os riscos de segurança e impactar negativamente a experiência do usuário.
Se você está apenas acessando uma página simples na internet, provavelmente não irá perceber o quão longe se está dos dados. No entanto, para qualquer tipo de tráfego de missão crítica a preocupação com a latência é essencial.
De forma simplista, o que um edge data center faz na prática é aproximar a distância entre onde os dados estão fisicamente armazenados e o usuário final, aumentando a capacidade de processamento na borda da rede.
Os edge data centers são um ótimo negócio. Em um estudo recentemente realizado pela ACG Research, analistas estimam que o armazenamento em cache de conteúdo local em regiões com população próxima a 1 milhão pode economizar cerca 110 milhões de dólares em custos de transporte de backbone durante cinco anos.
Agora que existe um edge data center em Phoenix, o conteúdo mais popular é armazenado em cache localmente, reduzindo os custos para todos os envolvidos e melhorando a qualidade da experiência do usuário quando ele quiser ver por exemplo um vídeo como Gangnam Style.
E o que o vídeo Gangnam Style tem a ver com os edge data centers?
É impensável que as empresas hoje, sobrevivam sem um arsenal de dispositivos e sistemas para gestão, controle de estoque, rastreio de remessas, captura de dados para conhecer o comportamento dos consumidores e oferecer a eles a melhor experiência de compra.
Mas tudo isso tem um custo. À medida que ambientes como esses são instrumentados e automatizados, a demanda por capacidade de processamento para tratar os dados que esses dispositivos geram em tempo real está crescendo.
Diante disso os gestores de TI podem enfrentar alguns gargalos quando a infraestrutura de tecnologia têm que acompanhar o crescimento da empresa.
Como escalar com rapidez, custo baixo e facilidade de implementação?
Podemos usar a mesma lógica do caso Gangnam Style para solucionar a questão. É claro, fazendo a ressalva que a aplicação que estamos falando agora é tecnicamente diferente dos edge data centers usados por provedores de conteúdo como Google e Netflix para reduzir custos e melhorar o serviço ao entregar conteúdo para seus usuários.
O que temos de semelhante nessa história é a transferência de parte do processamento para a borda da rede. É mais inteligente que os dados coletados por equipamentos em uma fábrica sejam processados ali mesmo na planta produtiva por pequenos data centers, e apenas uma pequena fração deles seja enviada a um data center corporativo central de maior porte na matriz. Esta raciocínio pode ser replicado para grandes escritórios, redes de varejo ou qualquer outra empresa que opere com várias unidades.
Esta arquitetura reduz a carga de processamento do sistema central e possibilida escalar com facilidade segurança e baixo custo.
Existem hoje no mercado soluções para pequenos data centers que concentram em um único rack vários sistemas e subsistema como climatização de precisão, combate a incêndio, monitoramento. São peças únicas pré montadas de fábrica que são ativadas em menos de um dia e podem ser transportadas com facilidade, caso a empresa mude sua localização ou layout.
Para saber mais leia o post: Redes & Cia ativa o primeiro Smart Cabinet (Rack inteligente) do Brasil
Este tipo de tecnologia permite aumentar a capacidade de processamento conforme a empresa cresce adquirindo um novo módulo ou rack para ser ativado na borda da rede (filial – pequeno data center) sem que haja a necessidade imediata de aumentar a capacidade do core (escritório central – data center central).
* Carrier Hotel ou colocation center: É um tipo de data center independente que oferece hospedagem compartilhada para múltiplos servidores de diversas organizações. Ele minimiza a sobrecarga e otimiza a eficiência das comunicações.
Escrito com dados de:
Micro-Data Centers Out in the Wild: How Dense is the Edge?
How Edge Data Center Providers are Changing the Internet’s Geography