Quando usamos os serviços cloud do Google, Apple e Microsoft muitas vezes esquecemos que o que faz a mágica acontecer nas telas dos nossos computadores, tablets e smartphones são estruturas complexas como grandes data centers interligados por uma extensa rede de fibra óptica mundial que são capazes de armazenar e distribuir milhares de terabytes de dados para usuários em todo planeta.
Esses data center são projetos de milhões de dólares e ocupam áreas imensas totalmente dedicadas à sua operação. Durante o desenvolvimento do design, são considerados todos os detalhes possíveis com o objetivo de buscar eficiência máxima dos sistemas presentes no centro de dados.
De longe o sistema mais desafiador é o de refrigeração, pois representa o maior consumo de energia elétrica de um centro de processamento de dados (CPD). A questão é tão séria que gigantes da tecnologia como o Google vem desenvolvendo estratégias alternativas de arrefecimento.
Há o uso de tecnologias de arrefecimento que vão desde água do mar na Finlândia operando com PUE (Power Usage Effectiveness) entre 1,1 e 1,2 até água e gelo no Centro de Processamento de Dados em Taiwan.
O resultado é uma economia de 50% de energia quando se compara com um data center comum e um PUE médio de 1,12 o que coloca os CPDs do Google no seleto grupo dos mais eficientes do mundo.
Mas não estamos aqui para falar do Google, não é mesmo? Vamos seguir então!
O problema surge quando voltamos a análise para data centers de menor porte. As fazendas de servidores (server farm) como são conhecidos os grandes centros de dados, não representam o maior consumo de energia . Os grandes “gastões” são os pequenos CPDs presentes nas empresas cujo foco do negócio não é a distribuição de serviços de TI.
Se você vai construir ou desconfia que seu data center está gastando mais energia que o necessário, fique atento as nossas dicas:
1 Dê muita atenção ao projeto de Infraestrutura do data center
Projetos de infraestrutura ruim podem aumentar consideravelmente a conta de energia da sua empresa. Segundo o Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) mais de 50% da energia elétrica que entra em um data center são consumidas pelo sistema de resfriamento e energia (UPS por exemplo).
O instituto avalia também, que um data center de 1 megawatt (MW) consome 177 milhões de quilowatts hora (KWh) de eletricidade ao final de um ciclo de 10 anos. Resumindo, será gasto a bagatela de U$ 17.000.000 (US $ 0,10 POR kWh). Satisfeito? Imagine o custo efetivo em reais levando em conta que a energia “brazuca” é a sexta mais cara do mundo .
Além disso consome:
Pois é, não dá para vacilar! O projeto e execução de um data center deve ser feito por empresa com expertise comprovada e certificada pelos maiores fabricantes da área, caso contrário corre o risco de haver mal dimensionamento dos equipamentos. Para se ter uma ideia, um data center típico de 1 MW desperdiça continuamente o equivalente às emissões de carbono de 1.000 automóveis devido a um projeto ruim.
Se o seu data center já está em funcionamento, o que pode ser feito é melhorar a disposição interna dos ativos de TI de modo que consumam menos energia elétrica ao executar suas funções.
2 Cheque se os equipamentos de energia e resfriamento do data center estão dimensionados corretamente
Se os equipamentos de energia forem superdimensionados, além de elevar o CAPEX (Investimentos em bens de capital) do projeto será necessário um sistema de refrigeração mais “parrudo” para manter a temperatura sob controle . Pode ocorrer o inverso, dimensionar equipamentos de ar condicionado com potência muito superior a necessária. Muitos data centers têm sistemas de refrigeração redundantes que estão a todo tempo trabalhando em capacidade máxima para garantira a confiabilidade, mas construir sistemas mais confiáveis através de redundância, neste caso é um erro e cria ineficiência. O ideal é manter unidades de refrigeração redundantes em modo de espera, acionados somente quando o sistema primário é perdido ou quando há sobrecarga nos equipamentos de TI. Mas a maioria dos data centers pequenos não têm sistemas de controle de ar que sejam capazes de fazer isso.
Outro problema é a má separação entre ar quente e frio. Sem a contenção adequada, o ar quente se mistura ao ar frio havendo a necessidade de aumentar a potência do sistema de ar condicionado para baixar a temperatura ao nível correto. Arrefecimento demasiado é um sinal de má gestão do ar.
O sistema de ar condicionado pode estar mal direcionado. Quando isso acontece o ar frio é sugado para dentro do sistema de arrefecimento juntamente com o ar quente, em vez de ser direcionado para entrada de ar do equipamento de TI, onde ele é necessário.
Uma prática muito comum em pequenos data centers é a instalação de ar condicionado conforto (aquele que usamos em nossas casas) ele não é muito eficiente quando comparamos com um ar de precisão.
Deve ser avaliado qual a melhor solução para cada caso. O foco no menor custo pode comprometer a eficiência, e o barato pode sair caro. De nada adianta adquirir equipamentos de energia e refrigeração baratos com parâmetros de operação ruins.
É fundamental ajustar o dimensionamento dos componentes energia e refrigeração mais próximo da carga de TI para que operem com maior eficiência.
3 A arquitetura e layout do espaço físico do data center merecem cuidado especial
Piso elevado saturados de cabos, filtros de ar ou água entupidos e dificuldade estrutural em manter a temperatura adequada podem contribuir ainda mais para a queda da eficiência do data center.
Isso não é novidade para muitas organizações que enxergam a necessidade de reduzir o desperdício de energia elétrica. Entretanto, o data center é um recurso de tecnologia crítico às operações. Muitos preferem manter tudo como está, manter o foco na gestão da confiabilidade em detrimento da eficiência.
E esta conta quem paga?
Referências:
The Problem of Inefficient Cooling in Smaller Data Centers
Projeto de data centers eficientes e ecológicos: desde a planta até o contato
