Dois meios de transmissão são mais comuns no Cabeamento Estruturado: os cabos de pares trançados de cobre e os cabos de fibras ópticas. Apesar de ser um meio comum no mercado, o cabo coaxial tem pouca participação nesse segmento específico e sua ocorrência é bem notada nas conexões de vídeo.
O cabo de par trançado evoluiu muito desde sua concepção para redes telefônicas e hoje é muito diferente de sua origem, apesar de manter os mesmos princípios.
Seu papel de transmissor de sinais analógicos de baixa frequência mudou radicalmente para transporte de sinais digitais de altas frequências, sendo que em alguns casos todos os pares são utilizados ao mesmo tempo e em ambos os sentidos. A codificação dos sinais, cancelamento de ruídos e eco estão exigindo de tal maneira os processadores das placas de rede, cabos e conectores, que nunca se chegou tão próximo como hoje do ponto de inflexão para fibras ópticas.
O cobre ainda é predominante em instalações comerciais para pequenas distâncias, mas a fibra óptica está tomando um espaço muito grande em instalações de missão crítica como Data Centers. O meio óptico sempre foi mais adequado para funcionamento por períodos prolongados, uma vez que suporta melhor aumentos de velocidades de redes. Entretanto o custo dos equipamentos ativos (transmissores) e a popularidade das redes metálicas inviabiliza economicamente o uso das fibras em alguns casos.
Hoje os meios de transmissão mais modernos usados em Data Centers, Sistemas de Missão Crítica e todos os outros que pretendem proteger seu investimento e facilitar migrações futuras são os cabos de pares trançados Categoria 6ª (Augmented Category 6) e os cabos ópticos com fibras OM4.
O primeiro pode ser usado para redes de até 10 Gbps e tem uma largura de banda útil de 500 MHz. Essa categoria parece ser a última que fará uso do conector modular de 8 vias, conhecido como RJ-45.
A principal preocupação no desenvolvimento dessa categoria de cabos foi a minimização de um fenômeno conhecido como Alien Cross-Talk (AXT) onde não os pares do próprio cabo, mas de outros cabos adjacentes, geram ruído capaz de interferir nas comunicações.
A forma mais eficiente de bloquear essa interferência é a blindagem por fita metalizada que além de econômica e simples de manusear ainda é muito eficiente. Essa construção de cabos é chamada de F/UTP (Foiled/Unshielded Twisted Pair – fita metalizada em torno de todo o grupo e pares não blindados).
Por outro lado, a fibra óptica Multimodo OM4 tem capacidade de transportar 100 Gbps até uma distância de 150 m, uma taxa altíssima que breve será utilizada em Data Centers comumente. Além de mais rápidas, as fibras estão mais robustas e flexíveis ao mesmo tempo. Hoje certas fibras podem fazer uma volta em torno de uma pequena moeda, facilitando a instalação em residências ou minimizando problemas de muitos cabos de manobra em espaço reduzido.
A evolução do meio óptico não se restringe somente às fibras, mas a conectividade igualmente. Junto com a necessidade de maiores taxas de transmissão veio a de aumentar a densidade das conexões e de transmissão paralela.
A resposta a essas necessidades veio na forma do conector MPO (Multi-Fiber Push-On), um conector que apesar de não ser novo nas redes com altas densidades de fibras de plantas externas começou a se popularizar agora em redes internas, principalmente em Data Centers, pois é a interface óptica escolhida para as redes de 40 e 100 Gbps.
O conector MPO pode ligar de uma a seis fitas (ribbons) de 12 fibras ópticas cada, de uma só vez em um espaço semelhante ao ocupado por um conector RJ-45. A grande quantidade de fibras associado ao pequeno espaço ocupado está levando a densidade de portas e conexões a níveis muito altos e ajudando assim na expansão das redes com economia de espaço e alto desempenho.
Ambientes Especiais
O berço do Cabeamento Estruturado é o escritório comercial. Nestes ambientes ele amadureceu, abraçou novas necessidades, viu sua demanda crescer na velocidade das comunicações dos anos 2000 e hoje podemos dizer que esse sistema é bastante maduro nesse tipo de construção.
Mas o desenvolvimento e as novas necessidades de comunicação chegaram a, outros ambientes, que precisam de um olhar mais específico. Esses ambientes especiais demandam muito das comunicações e podem ser considerados de “missão crítica”, portanto devem ser mais confiáveis, mais disponíveis e muito velozes. Três ambientes especiais de missão crítica se destacam, entre outros: Data Centers, Hospitais e Indústrias.
Estes ambientes são tão especiais que seus sistemas devem ser diferentes dos comerciais ou residenciais. Para energia, ar-condicionado, construção civil e cabeamento tanto para o projeto, produto e serviços, requerem níveis de qualidade superior à média. Mereceram inclusive normas específicas de infraestrutura de telecomunicações nos EUA para cada um deles: TIA-942 (Data Centers), TIA-1005 (Industrial) e TIA-1179 (Instalações de Saúde).
Missão Crítica significa mais disponibilidade, menos paradas, mais confiabilidade na rede. Duas dessas instalações têm muito em comum no que tange ao planejamento e uso do cabeamento: Data Centers e Hospitais:
- Ambos possuem norma própria: o que significa que a norma de cabeamento genérico não é suficiente para atender às suas demandas específicas;
- Sua atividade principal está relacionada a serviços que não podem parar: Hospitais cuidam de vidas, o maior bem. Data Centers cuidam de dados vitais para pessoas, empresas e serviços diversos como aeroportos e bancos;
- Cabeamento mais robusto requerido: os meios de transmissão de maior desempenho como cabos Categoria 6A e fibras OM4 são requeridos para prover a maior velocidade, compatibilidade futura e disponibilidade possíveis. Rotas redundantes e diferentes também são indicadas para o desenho dessas soluções e garantem menor incidência de pontos únicos de falhas.
Não é diferente o tratamento que devemos dar às salas de segurança e monitoramento, controle de túneis, estradas e minas, emissoras de rádio e TV entre outros que podem ser enquadrados como missão crítica e alta disponibilidade. Para esses ambientes, assim como as demais instalações, o cabeamento merece um enfoque único e especial como os próprios ambientes.
Fonte: Informativo Técnico Furukawa