Tier – Certificar ou não certificar o data center? Eis a questão!

Sistema de Classificação Tier foi criado pelo Uptime Institute, nos Estados Unidos, na década de 1990. No início, tratava-se apenas de uma terminologia utilizada pelos membros da indústria. Com o passar do tempo, esse se tornou o padrão para avaliar a infraestrutura crítica de data centers ao redor do mundo.

Quando uma empresa investe num data center, o desafio é fazê-lo operar com eficiência. Ambientes críticos dessa natureza precisam manter alta disponibilidade já que suportam operações vitais ao funcionamento dos negócios.

Alguns minutos parado pode representar prejuízos de centenas de reais para as organizações e constrangimento inestimável para os clientes. Frente ao risco de se perder a confiabilidade e diante da necessidade de provar qual o nível de disponibilidade do centro de dados, a Certificação Tier pode ser um diferencial.

Para tanto, os data centers são classificados com base nas suas características de redundância e tolerância a falhas em uma escala de Tiers que vai dos níveis I a IV.

A Redundância pode ser entendida como a duplicidade de partes, módulos, encaminhamentos, equipamentos e sistemas com o intuito de evitar o downtime (tempo de parada) por falhas e manutenção preventiva e corretiva.

Os níveis (I-IV) são progressivos, cada nível incorpora os requisitos de todos os níveis mais baixos.

É importante frisar esse ponto porque os custos e a complexidade operacional aumentam a cada nível obtido. Ou seja, deve-se compreender a demanda real do empreendimento para que não haja investimento desnecessário – ou, pior ainda,  que os recursos alocados gerem despesas excessivas elevando os riscos assumidos pela empresa.

Norma ANSI/TIA 942 X Certificação Tier Uptime Institute

De antemão é necessário esclarecer que data centers não certificados não são ruins.

Pelo contrário, existem normas como a ANSI/TIA 942 da Telecommunications Industry Association – TIA (Associação das Indústrias de Telecomunicações) que define parâmetros para a obtenção de instalações altamente eficientes. No entanto, não possuem força de  lei.

Por isso, algumas empresas sentem a necessidade de certificar os seus data centers para provar sua qualidade operacional.

A norma ANSI/TIA 942  é muitas vezes associada ao conceito Tier, entretanto após revisão do padrão, o  Uptime Institute e a Telecommunications Industry Association anunciaram a retirada da palavra Tier da norma com o objetivo de eliminar confusão no setor e gerar responsabilidade.

A seguir, você vai aprender como funciona esse sistema de classificação. No Brasil, são poucas as empresas certificadas.

Como funciona a classificação Tier

Vários pontos devem ser analisados antes de requerer a certificação Tier. Os objetivos da empresa, a planta do prédio, as condições climáticas e até mesmo o orçamento disponível entram em jogo.

Por isso, não são exigidas tecnologias específicas, tampouco definidos critérios de projeto. O que importa é encontrar um método para atingir os objetivos do negócio e o grau de disponibilidade associados a cada nível a seguir:

Tier I – Capacidade básica

Uma estrutura de classificação Tier nível I fornece as condições básicas necessárias para operação dos ativos de TI. Entretanto não há obrigatoriedade de qualquer componente redundante.

Normalmente, data centers Tier I podem sofrer em média 1,2 falha de equipamentos ou infraestrutura de distribuição por ano. Somado as paradas para manutenção (2 x 12h)  e por falhas, o impacto anual  é de 28,8 h, isto é  99,67 % de disponibilidade.

Os potenciais pontos de falha são:

  • Falta de energia da concessionária no data center ou na central da operadora de telecomunicações.
  • Falha de equipamentos da operadora.
  • Falha nos roteadores ou comutadores, quando não redundantes;
  • Qualquer evento catastrófico nos caminhos de interligação entre as áreas do data center (ER, MDA, HDA, ZDA, EDA).

Tier II – Componentes redundantes

Além de atender todos os requisitos da classificação anterior, este certificado atesta que o data center possui infraestrutura parcialmente redundante. Sites desse tipo têm em geral, três paradas a cada dois anos para manutenção e uma parada não planejada a cada ano.

Os componentes redundantes oferecem alguma agilidade em serviços de manutenção, o que reduz as paradas a uma por ano, além de ajudar a reduzir os impactos nos equipamentos de TI devido a falhas na infraestrutura.

O impacto de serviços de manutenção e paradas por causas acidentais é de 22 h por ano, correspondendo uma disponibilidade de 99,75%.

Potenciais pontos de falha:

  • Falhas nos sistemas de ar condicionado ou de energia podem ocasionar falhas em todos os demais componentes do data center.

Tier III – Sistema autossustentado

Se a companhia obtém certificação Tier nível III, é porque o data center não precisa ser desligado durante operações de manutenção. A prática mostra que as paradas por falhas somam aproximadamente 1,6 h por ano, apresentando uma disponibilidade de 99,98%.

Pontos de falha:

  • Qualquer evento crítico catastrófico na MDA (Main Distribution Area) e HDA ( Horizontal Distribution Area) irá interromper os serviços.

Tier IV – Sem tolerância a falhas

Além das soluções exigidas nos níveis anteriores, o Tier IV trabalha com o conceito de tolerância a falhas na topologia da infraestrutura.

Em outras palavras, quando uma máquina entra em pane, ou quando ocorre alguma interrupção na distribuição de energia, as consequências desse evento não devem ser percebidas na operação de TI.

Atinge-se essa capacidade com um investimento massivo em infraestrutura. Sistemas distribuídos de climatização, hardwares com fontes redundantes de energia e outros componentes para aumentar a segurança são instalados em todo o data center.

Sites Tier 4, podem ter paradas imprevisíveis de 4h a cada período de cinco anos , o que resulta uma parada média anual de 0,8  horas, com disponibilidade correspondente de 99,99%. É importante explicar que as paradas imprevistas em data centers tier 4 não afetam a operação do site.

Como obter uma Certificação Tier para a instalação

As diretrizes do Uptime Institute funcionam como um método de avaliação imparcial, que afere os requisitos para uma operação segura e eficiente.

O primeiro passo é o Tier Certification of Design Documents (TCDD). O instituto revisa documentos relativos aos aspectos elétricos, mecânicos, de monitoramento e de automação, com o objetivo de eliminar elos fracos da cadeia. Essa certificação tem validade de dois anos e certifica-se “apenas” o projeto.

Depois, vem o Tier Certification of Constructed Facility (TCCF). Uma equipe do Uptime Institute visita o data center para inspecionar discrepâncias entre o projeto e a instalação dos equipamentos. Uma vez resolvidas quaisquer deficiências, a companhia recebe o certificado e a placa.

A classificação Tier é mesmo necessária?

O processo pode ser bastante oneroso. Afinal, é preciso adequar o empreendimento a uma série de especificidades. Logo, a receita anual deve compensar esse investimento, o que faz com que apenas grandes players conquistem a certificação.

No Brasil, não há nenhuma instalação certificada em nível II. Atualmente, 39 data centers possuem TCDD nível III. Quando se fala em TCCF, o número cai para 14, alguns deles pertencentes às mesmas organizações. São elas:

Banco Santander é o único a atingir a classificação máxima (IV) na categoria TCCF. Já a Telefônica Vivo também sustenta, sozinha, nível III no Tier Certification of Operational Sustainability, que certifica processos de gerenciamento das equipes.

Esse diferencial, reconhecido internacionalmente, pode funcionar como estratégia de marketing principalmente para empresas que têm o data center como negócio principal (co-location, cloud computing).

Apesar disso, vale lembrar que o certificado Tier não é obrigatório para garantir a qualidade operacional de uma empresa. O mais importante é buscar critérios que assegurem data centers confiáveis e com alta disponibilidade.

Sendo assim, para as pequenas e médias ou grandes organizações que não precisam comprovar a qualidade operacional da sua instalação, a sugestão é utilizar esses padrões como um guia de boas práticas.

Sem dúvidas, seguir estas diretrizes durante o projeto trará maior eficiência e qualidade operacional ao data center da sua empresa, independente de qual tamanho ele for.

Deixe um comentário e conte-nos sua opinião sobre a classificação Tier! Aproveite, também, para nos dizer o que você achou do artigo. E não se esqueça de conferir outros posts aqui no blog para ficar por dentro das novidades

Fonte: Data Centers – Paulo Sérgio Marin | Guia de Recomendação para data center – Furukawa | Uptime Institute

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